Didática para o Ensino da Matemática (2)
MATEMÁTICA - Jogos, brincadeiras e desafios
A – SITUAÇÕES
DIÁRIAS
Crianças mais
independentes têm maior possibilidade de tomar decisões, enquanto
crianças dependentes apenas executam as ordens.
É necessário que
o professor incentive e investigue o aluno a descobrir, a pensar e a
tomar decisões próprias. É urgente a formação do aluno, enquanto
ser pensante.
“Um
dos conceitos fundamentais de toda Matemática e da própria formação
do pensamento lógico-matemático é a relação” (Ângela Cristina
Rangel). E essa é construída individualmente, a partir da
experiência na vida real do indivíduo. Ela não vem de livros e
muito menos de fórmulas ensinadas pelo professor.
As
situações diárias vêm favorecer a construção dos conceitos
matemáticos, partindo dos instrumentos do aluno para a compreensão
lógica da realidade. Os elementos do cotidiano de cada indivíduo e
as situações que lhe são apresentadas devem ser explorados e
utilizados como instrumento para a construção dos conceitos
matemáticos.
É
necessário estabelecer uma forte ligação entre o cotidiano do
aluno e a Matemática. Aprende-se melhor, resolvendo problemas, ou
seja, quando o aluno se envolve com fazer e o pensar matemático,
quando põe em ação o seu saber, investiga, cria, formula
hipóteses, discute no grupo, experimenta soluções e produz um
movimento em direção ao novo.
As
situações diárias contribuem também para o desenvolvimento da
autonomia. Proporcionam aos alunos a oportunidade de pensar, de
relacionar fatos, trocar idéias, comunicar suas descobertas,
defender pontos de vistas e decidir o que e como fazer.
O
trabalho com situações diárias exige preparação e análise por
parte do professor. É indispensável a organização prévia das
atividades, onde estejam presentes os conceitos matemáticos que se
quer desenvolver, e a habilidade do professor de provocar situações
significativas e desafiadoras aos alunos.
B – JOGOS
BRINCADEIRAS E DESAFIOS
Jogos,
brincadeiras e desafios são atividades naturalmente prazerosas. São
recursos que possuem ação integradora do conhecimento e atividades
próprias para criança.
Na escola, também
é possível associas prazer com aprendizagem. Os desafios extrapolam
os objetivos matemáticos, favorecem o desenvolvimento moral, social
e emocional. Apresentam situações-problemas, onde as crianças são
desafiadas a utilizar seus esquemas mentais na construção da
resolução. São atividades que instrumentizam a criança para
desenvolver sua habilidade de pensar. Propiciam a construção de
regras, a utilização de combinações matemáticas, a cooperação
entre espaço e o grupo e a tomada de decisões.
Os jogos em pares
favorecem a integração entre os jogos. Resolver um desafio em
grupo, por exemplo, tendo uma diversidade de pontos de vistas, pode
ser mais prazeroso que trabalhar sozinho. “De acordo com Piaget, a
confrontação de pontos de vistas leva a criança a descentrar e
freqüentemente resulta num nível maior de coordenação
(concentração) (Kamii). Com isto, a autonomia desenvolve-se através
das regras construídas e interiorizadas.
No decorrer da
atividade, percebe-se diferentes processos para resolução de um
problema, a criatividade e espontaneidade para defender suas
hipóteses, a participação e concentração efetiva para a solução
dos desafios, a organização das idéias e o prazer de desenvolver
uma atividade apaixonante.
Através dos jogos
e desafios, podem ajudar a formar um ser consciente, capaz de criar e
construir esquemas, para resolver a diversidade de problemas do seu
viver diário.
A prática dessas
atividades, no dia-a-dia do fazer pedagógico, é desafiadora e,
muitas vezes, extrapola todas as nossas expectativas. O professor
precisa estar consciente dos objetivos que deseja alcançar, do
porquê e do como, além do crescimento intelectual.
C- ATIVIDADES
CASUAIS
O professor deve
desenvolver seu espírito de pesquisador e sua habilidade de
observador, para aproveitar as situações matemáticas casuais
ocorridas no dia-a-dia da sala de aula, problematizando-as, para
torná-la significativas no ensino da Matemática. Assim, será
possível compreender que a Matemática é utilizada por todas as
pessoas e, quase sempre, sem o auxílio de lápis e papel. Na vida,
estamos sempre fazendo escolhas matemáticas.
SUGESTÕES DE
ATIVIDADES
A – SITUAÇÕES
DIÁRIAS
- ROTINAS DA SALA DE AULA
Chamada diária
dos alunos, identificando quantos vieram. Quantos faltam.
Registro da
distribuição dos alunos na classe, nos jogos, na sala de Educação
Física.
Voltando:
- elegendo
líderes;
- decidindo sobre
as regras;
- limitando e/ou
escolhendo as atividades do dia;
- definindo número
de componentes do grupo;
- escolhendo nomes
para times, cantinhos e salas.
Distribuição
de grupos na sala:
- quantos grupos
formar?
- quantos
elementos em cada grupo?
-
quantos no total?
Formar grupos a
partir de determinadas classificações.
- crianças que:
- usam óculos;
- estão de tênis;
- são loiras
- o nome inicia
com a letra M.
Distribuição
ou recolhimento de materiais:
- folhas e
cadernos de exercícios;
- cartas de
baralho;
- bilhetes e
comunicado;
- livros, jornais
e folhetos;
Exploração
das regras estabelecidas na escola:
- horário de
entrada;
- horário de
merenda;
- horário da
saída;
- número de aulas
de Matemática, Ciências, História, etc.
Discussão
sobre a rotina planejada para o dia:
- horário de ir
ao banheiro;
-
tempo gasto para execução de atividades.
Comparações:
- peso dos
materiais escolares trazidos por cada aluno;
- valor dos
objetos;
- tamanho dos
objetos e das pessoas;
- tempo gasto por
cada criança, para ir da sala ao pátio;
- tempo gasto, por
cada aluno, da casa até a escola;
- distância
percorrida: do portão da escola ao pátio, da sala de aula ao
portão, etc.
Noções e
conceitos envolvidos:
- o
desenvolvimento da criatividade;
- a socialização
dos alunos;
- a construção
do conceito de número e quantificação numérica;
- a articulação
das relações lógicas;
- desenvolvimento
das noções de classificação e seriação;
- a construção
da idéia de medida de comprimento, tempo e peso;
- estabelecimento
de comparações;
- construção da
idéia de proporcionalidade;
-
o desenvolvimento do pensamento lógico;
- formulação de
hipótese.
ATIVIDADES
PROGRAMADAS
Visitando
feiras e supermercados
-
visita a feiras e supermercados, observando os produtos que são
vendidos, preços, entrevistando feirantes e vendedores, obtendo
informações sobre as formas de comércio, etc.
- classificação
de produtos;
- atributo;
- comparações
entre diferentes produtos e preços;
- identificação
do uso e da necessidade social da utilização da unidade padrão de
medida;
-
conhecimento de variadas formas de comercializar o produto;
- desenvolvimento
da linguagem oral;
- preparação de
receitas culinárias;
Ex: salada de
frutas, bolos, pipocas, suco, etc.
Noções
e conceitos envolvidos:
-
ordenação dos produtos, utilizando critérios definidos por elas;
- classificação
e comparação dos ingredientes de acordo com diferentes formas de
agrupamentos;
- quantificação
dos números e variedades dos produtos;
- definição de
um instrumento (copo, colher, etc) para ser utilizado como
medida-padrão, para servir igualmente o produto.
Trabalhando com
a loja
- solicitar aos
alunos que tragam caixas e embalagens variadas;
- Montar a loja:
- classificar os
materiais trazidos;
- dividir a sala
em grupos, encarregando-os da organização das sessões;
- escolher o
vendedor e o caixa de cada sessão;
- confecção da
tabela de preços (a coleta dos preços deve ser feita anteriormente,
através de visitas aos supermercados, coleta de dados nos folhetos,
entrevistas, etc);
-
distribuir aos alunos as fichas: amarelas, vermelhas, azuis e verdes
(Veja sugestões de jogos – Dinheiro Chinês).
- colocar a tabela
com a correspondência de cores e valores;
- utilizar notas
fiscais;
- realizar
atividades de compra e venda;
- fazer o balanço
do Caixa.
Noções e
conceitos envolvidos:
- classificação
dos sólidos geométricos;
- ordenação dos
objetos para a organização das sessões;
-
discussão da coleta de preços como uma maneira de fazer economia;
- conceito de
unidade, dezena e centena;
- idéia de valor,
despesas, troco, orçamento, compra, venda e balanço;
- preenchimento de
notas fiscais;
-
exercitar as operações;
- escrita e
leitura de números e etiquetas;
- leitura dos
rótulos e a compreensão da função das embalagens dos produtos;
- desenvolvimento
da linguagem oral.
Trabalho
de barbante
-
solicitar aos alunos que façam um círculo.
- quem receber o
barbante terá que segurar na ponta e jogar rolo de barbante para
quem quiser.
- a criança que
recebeu deverá segurar em um ponto do barbante e passá-lo adia
Noções e
conceitos envolvidos:
- orientação
espacial;
- posicionamento e
comparações: à esquerda, à direita, dentro/fora, antes de/depois
de, ao lado de/ entre, etc.
- curvas,
abertas/fechadas;
- identificação
de figuras geométricas;
- sentidos: para
baixo/para cima, para dentro/para fora, por detrás/pela frente, etc.
- desenvolvimento
da criatividade.
B – JOGOS E
DESAFIOS
* TANGRAM
Material:
quebra-cabeça
Tangram
Quebra-cabeça
chinês formado de sete peças. O Tangram pode ser feito de qualquer
tamanho, respeitando-se as proporções das figuras geométricas.
Regra: todas as sete peças devem ser usadas e as figuras devem ser
sempre planas.
Encaminhamentos
- classificar as
figuras geométricas originais do jogo e as que podem ser compostas
com as peças;
- montar um
quadrado;
- criar figuras
livremente;
- produzir textos
orais e escritos, utilizando as figuras/personagens criados;
-
trabalhar com equivalência de área.
Noções e
conceitos envolvidos:
- organização do
pensamento lógico;
- desenvolvimento
da criatividade;
- identificação
das figuras geométricas;
- desenvolvimento
da linguagem oral e escrita;
- formulação de
hipóteses.
* BOLINHA DE GUDE
Material:
30 bolinhas de gude, mais ou menos.
Encaminhamentos:
- organizar a
turma em pequenos grupos;
- no pátio,
determinar o campo de cada grupo e fazer o “papão”.
- cada jogador
recebe 6 bolinhas e tenta acertar o papão;
-
ganha o jogo quem acertar, primeiro, as seis bolinhas no papão.
Noções e
conceitos envolvidos
- a construções
de noções de sentido e direção;
- compreensão do
princípio aditivo e subtrativo;
- manipulação de
esferas.
*QUAL É O
NÚMERO?
Material:
papel e lápis.
Encaminhamentos:
- uma criança
pensa e escreve um número, tendo um limite estabelecido;
- as outras
crianças tentam descobrir qual é o número;
- a criança que
pensou o número dá pistas aos que tentam descobrir:
- é mais;
- é menos;
- é número par;
-
é múltiplo de ...
- é primo;
- é ímpar;
- é par;
- é antecessor...
- é sucessor...
etc.
- ganha aquele que
acertar o número que foi pensado.
A criança que
acertar, na próxima rodada, pensará número.
Noções e
conceitos envolvidos:
- o
desenvolvimento do raciocínio lógico;
- a articulação
das relações lógicas;
- o
desenvolvimento de conceitos relacionado ao número: antecessor,
sucessor, menor que, maior que, pares e ímpares, etc.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRAFICA
CARVALHO,
Dione Lucchesi de. Metodologia
do Ensino da Matemática.
2.ed. São Paulo: Cortez, 1994.
PARA SABER MAIS: Assista ao video "O brincar e a Matemática"
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