Modelos de Escola


A relação professor-aluno, na ótica didática, assume diferentes significados, de acordo com as diferentes concepções de escola.
Na Escola Tradicional, esta relação é autoritária. O professor é o dono da verdade, detém o saber e o aluno não. O professor é, pois, fonte e centro, o aluno é um receptor. A orientação docente é rígida e o aluno está submetido a um controle estreito e, até, à punição, castigo. Não há oportunidade para o aluno tomar iniciativas. O professor é modelo para o aluno e o relacionamento é distante e necessariamente formal. A disciplina é construída sob coação, é imposta, e se traduz em prontidão obediente, passividade e imobilismo.

Na Escola Nova, a relação professor-aluno tem características democráticas. O professor é o guia, o orientador das atividades do aluno e este participa ativamente do processo de aprendizagem. As relações interpessoais têm um caráter afetivo destacado e possuem maior intensidade e densidade. Desenvolve-se a cooperação e dá-se espaço à manifestação do aluno, agora visto como centro da preocupação pedagógica. A disciplina está pautada em regras de convivência democrática, na participação e na solidariedade.

Na Escola Tecnicista, o professor e o aluno são executores de tarefas programadas por um grupo de especialistas, sem a participação do professor na concepção do seu próprio trabalho. A presença docente e a presença do aluno perdem importância frente à instrumentalização didática. Os meios estão no centro do processo. Prevalece, em consequência, a racionalidade dos recursos e é desconsiderado o vínculo professor-aluno.

Na Escola Libertadora, a relação professor-aluno está baseada no diálogo, em que ambos se posicionam como sujeitos do ato de conhecer. A escola é parte da realidade da criança. Professor e aluno se envolvem em uma reflexão comum. Professor e aluno interagem e constroem o saber escolar em função de problemas concretos da prática social de ambos. A disciplina está fundada no compromisso social e na solidariedade.

Não é demais lembrar, pelas características de cada contingência, que a interação professor-aluno constitui um aspecto crítico do processo de aprendizagem pois afeta de modo fatal os seus resultados. No entanto, é importante ressaltar que os limites e as condições dessa interação só podem ser definidos mediante a consideração dos outros fatores que constituem a estrutura pedagógica: o conteúdo escolar, a metodologia adotada, o ambiente institucional, o clima cultural da escola, etc. Tal entendimento reforça a conexão entre a relação pedagógica e o critério (modelo) didático, entre o critério didático, a afetividade e a ética.
O professor é uma pessoa. Mas é preciso que ele o saiba e que o assuma no exercício da sua profissão. Quando trabalhamos com as nossas emoções, a nossa cultura, os nossos gostos e desgostos, os nossos preconceitos, as nossas angústias, os nossos desejos, os nossos fantasmas de poder ou de perfeição e, finalmente, nossas entranhas e o nosso inconsciente, os nossos valores e os nossos sonhos, é necessário sabê-lo e é preciso controlar as influências que exercemos sobre os alunos.
Se quisermos falar de um possível aperfeiçoamento do encontro do professor/da professora com seus alunos/suas alunas, devemos apelar à pessoa desses profissionais, pois a relação pedagógica progride à medida que o professor e a professora se auto-educam nesse processo.
A verdade é que nós, professores, estamos em permanente formação e a relação pedagógica é o mais contundente espaço também de nossa aprendizagem profissional e humana.

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