O elefante de Bagdá
Alguns viajantes, provenientes da Índia,
trouxeram um elefante para Bagdá e acomodaram o animal num estábulo escuro. A
população, querendo saber com o que aquele animal se parecia, correu para o
estábulo. Como não podiam vê-lo com os próprios olhos, os visitantes apalparam
cuidadosamente o animal com as mãos.
Um deles tocou a tromba e disse:
- Este animal parece com um tubo bem
grosso!
Outro, que apalpou as orelhas, exclamou:
- Diria, antes, que parece um grande
leque!
Um terceiro, que acariciou uma pata, protestou:
- Que nada! O que chamam de elefante é
parecido com uma coluna muito grossa!
Cada um deles descreveu o elefante a seu
modo, conforme a parte do corpo que tocava.
Todavia, se tivessem uma vela, suas
opiniões também não seriam coincidentes. É que nossos olhos muitas vezes nos
enganam tanto quanto a ponta dos nossos dedos...
(Segundo
o poeta místico persa Rumi, 1207-1273 apud PIQUEMAL, Michel; LAGAUTRIERE,
Philippe. Fábulas Filosóficas. 2 ed.
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009, páginas 114 e 115).
Discutindo
filosofia:
Tudo o que sabemos sobre o mundo devemos
à percepção de nossos sentidos. Os filósofos, então, fizeram a seguinte
pergunta: e se nossos sentidos fossem imperfeitos, realmente enganadores? Desse
modo, as descobertas científicas sobre o infinitamente grande e o infinitamente
pequeno provam que não podemos confiar em nossos olhos. Um telescópio e um
simples microscópio nos fazem penetrar em outras realidades desconhecidas.
Seríamos, então semelhantes a cegos, como visitantes dessa fábula?
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